sexta-feira, dezembro 29, 2006

A História de Augusto Ponciano Sobrinho.

Essas lâmpadas são testemunhas do que aconteceu aqui. Elas viram tudo o que o eu disse e fiz. Viram o corpo dela pendurado no lustre de quarenta mil Euros. O sangue escorrendo pelo vestido vermelho de uma boutique da Regent Street.

Tudo não deveria ter passado de uma discussão. Eu queria que ela fizesse o certo, um certo que para ela representava mera vaidade minha. Insisto em dizer que não era. Ela entrou pela porta já ofensiva. Disse-me coisas horríveis e eu fiquei calado o tempo todo. Na verdade, nem me recordo mais qual vaidade era essa que eu pedia a ela para satisfazer. Certamente algum favor sexual bizarro, coisas absurdas que costumava lhe pedir e ela fazia meio a contragosto. Eu bebericava meu copo de uísque, o que me mantém calmo e satisfeito. Mas ela crescera tanto em ofensas e perturbações que atirei o copo à parede, peguei-a pelos cabelos e bati seu rosto contra o balcão do bar. Na verdade, lamento muito ter feito isso. Ela tinha um rosto magnífico. Os cabelos luziam como ouro, os dedos eram construções finas esmaltadas do mais cintilante tom de vermelho, os olhos irrevogáveis, altivos e doces; uma meiguice falsa; a máscara de uma onça feroz. Seu irmão mais velho me dissera no nosso matrimônio: “Cunhado, não se assuste quando a Ofélia botar suas garras pra fora. Esse rostinho angelical esconde uma fera”. Nunca mais me esqueci disso.

Temo que não convenha descrevê-la aos senhores, tentarei apenas dar explicações sobre o porquê de ter acontecido o que aconteceu. Senhores, quero que entendam de uma vez por todas, não cometi crime algum, fatos ocorreram, e é isto.

Bem, sei que após atirar o copo à parede e bater seu rosto no balcão, Ofélia disse que queria morrer. Pois bem, eu lhe disse. Fui à despensa e apanhei uma corda. Ofélia se manteve chorando na sala. Busquei uma cadeira da mesa de jantar e trouxe até embaixo do lustre. Subi, amarrei a corda e preparei o nó. Ajudei-a a se levantar do carpete e lhe apontei a corda e o apetrecho suicida. Ofélia se encaminhou descrente do que eu fazia ou a estimulava a fazer. Subiu na cadeira e deixou-se cair em meus braços. Chorava muito. Eu a escorei tentando consola-la e então a encorajei. Ofélia hesitava, eu persistia. Talvez seu ar de descrença e posteriormente a súplica de misericórdia tenham me instigado mais ainda a vê-la morrer. É uma reação direta que sempre tive para atitudes medíocres, elas me enojam. Quando Ofélia decidiu-se a não morrer, disse-me uma dúzia de docilidades enganosas. Não as aceitei. “Disse-me que queria morrer, Ofélia, e agora você vai morrer!”. Eu mesmo subi na cadeira com Ofélia em meus braços, envolvi seu pescoço entre o nó da corda, apertei-o bem para que não falhasse e desci da cadeira mantendo-a segura por um braço. Com uma das pernas chutei a cadeira e a libertei do aperto, Ofélia agonizou por alguns rápidos segundos e então se aquietou.

Arrependo-me profundamente. Na manhã seguinte não havia a sua boca com gosto de noite dormida e mal respirada. Não havia café forte com muito pouco açúcar na mesa. Não ouvi nenhum de seus desagrados comuns que vinham seguidos de beijos espoletas, nem seu resfolegar asmático durante a madrugada. E, pra dizer a verdade, senhores, foi uma droga. Arrependo-me sim, amargamente, pois sinto falta, saudade, e ódio por ela ter partido. Confesso que poderia tê-la salvado, mas não pude, não sei se podem me entender, mas na hora me faltaram forças decisivas. Juro que não a matei, ela quis morrer e eu apenas a ajudei terminantemente por ela ter zombado da minha capacidade de fazê-lo, foi um ato sincero. Detesto ser menosprezado, não posso ser tido como incapaz. Sempre fui honesto e solícito para com minha mulher, não poderia ter lhe negado o desejo de morrer. Sinto muito, principalmente por mim.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Mamãe à milanesa.

Jacaranga, Martin pescador, Wuícara, Buiúna.

Rema rema meu barquinho, por Natural.

O sol e a estrela.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Os deuses do Araguaia.

Descobri que o feio é um caminho para o belo. A piranha me morde no pescoço, as muriçocas picam o tornozelo, o ouvido, os pêlos. Ela urra como a onça, me espinha, fura, arranha, risca minhas costas no desespero da luxúria. Tenho vontade de sová-la, mas prefiro me manter quieto, contínuo. Ela diz as insanidades que me enaltecem; adoro ser comparado à qualquer coisa ou ser qualquer coisa.

O túnel do tempo foi feito no meio da floresta, e nele nos perdemos. As pegadas da onça assustam somente os brincalhões. Sabedoria repassada de pai pra filho. Os Xavantes, quem tem a chave dos Andes, é que sabem da real história. Os Carajás sucumbem aos encantos do consumismo. Os mascates faliram, pois os artesanatos Carajás agora custam é dinheiro variando o preço de acordo com a cara do freguês. Quero mesmo é lamber o óleo que escorre daquela índia que me olha encucada, dizer pra ela nada porque somente o nada ela entenderia. Na língua Carajá há duas formas de se falar, uma que é dos homens e outra das mulheres. O sujeito precisa aprender a falar em masculino Carajá e a ouvir em feminino. Qualquer confusão verbal pode lhe trazer constrangimentos, desrespeito ou até a escravidão dentro do grupo. Mas são desleixados, não fabricam mais seus ornamentos como dantes, são displicentes. Na cidade são desordeiros, bebem, brigam, trazem problemas às pessoas. Os Xavantes fazem coisas muito mais elaboradas e interessantes. Os Xavantes têm o segredo. Atravessam a América do sul da região do Xingu diretamente pros Andes por passagens subterrâneas. Há quem fale a mesma língua Guarani no Araguaia e no Rio Grande do Sul. Como? Os Xavantes são cortezes, respeitosos. Têm veículos automotores e trajes de brancos, mas quando voltam à aldeia, despem-se todos e retornam aos velhos e sacros costumes. Os Carajás são índios embranquecidos vivendo em resevas.

O vento que divisa meus cabelos e faz meu rosto eclodir é miraculoso, vem das águas imensas, profundas. O Araguaia é um mar na época da cheia. O Natural me explicou um monte.

À noite vou pro forró me esfregar na paraibana, sonhando com a índia da aldeia. São todos pagãos, o dia para eles não importa, para mim também não. Vovó grila: “dia de ficar em casa”. Quero mesmo é saber do gosto dos outros, do gosto do Araguaia, do vento, do céu, da terra, da água, dos peixes, da floresta. Quero ser tudo e todos eles. O Matusalém poderia muito bem se chamar Florestasalém, ou Selvasalém. Eu quero mesmo é lamber o nariz batatudo daquela índia que me olhava encabulada. Câmeras são proibidas, mas o Natural vai nos descolar uma autorização com o cacique.
Vou virar terra, pirarucú, pirosca, ou o boto que nos cativou olhares encantados. Eles pulam, nadam, brincam satisfeitos. Eu poderia ser um boto, ou uma orquídia no topo da sancam. Eu poderia ser a lundí que vira botes pros índios, a garça branca, o martin pescador, a jacaranga. Eu poderia ser o Araguaia que escorre o sangue doce da terra e se multiplica em braços, armadas, ilhas, a Ilha do Bananal; o rio que é tingido de azul-marrón e cingido por voadeiras voadoras.

domingo, dezembro 24, 2006

O belo e o feio.

Pena dos miseráveis da feiúra. O feio é e sempre será feio, desajeitado, rejeitado, cuspido, atirado. O feio é a quebra na seqüência do belo, do harmonioso. O fútil é o belo, o politizado é o feio. Quero que a política se dane. Um brinde à harmonia dos belos. Caminham; não! Escoam os feios, os podres, os desleixados. Os belos amaciam. Redundam fracasso, escassez, miséria, os feios. Asseguram o amor, a fluência, a cadência, o ritmo perfeito das eventualidades, os belos. Gosto mesmo é do gosto dos outros, belos. A bestialidade do horrendo me conduz às latrinas do inferno. Sorvo o enxofre e devolvo pétalas em brasas que respingam indecência. A magnitude do sublime me remete violentamente à agonia do prazer; àquela sensação incabível de ventura, ardor pelo torpor do amor, flatulência excessiva de idéias prazerosas.

A alvorada no cerrado encanta. Ao lado, tudo fede. O grotesco me cutuca na madrugada fria. O sol me enleva, fazendo o doce contraponto. Eu sei mesmo curtir as coisas, me decodificar, refazer-me mil e setecentas vezes e quantas mais forem necessárias para entender o derredor, para me caber, para me encaixar em qual quer que seja a circunstância. A aurora fabulosa que penetra a fresta ventosa da janela me submete ao descaso da própria pequenez. Ao lado vejo porcos, para fora vejo deuses.

Caixinhas de Anador, creme dental e cigarro Hollywood. Tudo amontoado perto do café doce. Café de açúcar temperado com café. Chá de melado com pó negro. Pão-de-queijo fresquinho que, após ser ingerido, faz-me pensar que deveria ter engolido era a pastilha de Anador para acabar com aquela latência maldita. Secreção na madrugada. Eu secreto. Excreto-me todo.

Alvorada: belo ou feio?
Cerrado: belo ou feio?
Alvorada no Cerrado: belo ou feio?
Homens no Cerrado: belo ou feio?

sábado, dezembro 16, 2006

Rúcula amarga.

Um só momento pode desfazer toda a seriedade do mundo. Há casais antigos embalados pelas mesmas modinhas que embalam casais hoje. E tudo passa por ali, seco. Secar as flores. Desvendar as teias. As plantas de Vovó não deveriam murchar. Por que murcham então, se não devem? Por quê dos carrapatos? Por quê das palavras tão grosseiras? Quero suavizar e você me arrebenta. O orgão por dentro está seco. Tem bebido demais? Eu também, infelizmente. Tenho buscado coisas que não foram feitas para mim. O que você tem buscado? Verdades inatingíveis? Passos largos que fogem da cruz, do abismo ou do furacão? O que você tem realmente gostado de fazer? Vamos lá, me diga, não vou censurá-la por isso. Se não quer dizer, não me importo. Se não quiser gozar, também. Se não quiser ficar, o dinheiro do táxi está sobre o criado-mudo. Se quiser se drogar e esquecer tudo, há um pouco de pó na gaveta, há Tequila no bar. O que você quiser, posso arranjar. Mas não quero nada; você se importa de eu não querer nada? Eu também gosto muito desta música. Não, não sei tocá-la. Sabe, eu toco muito mal; costumo dizer que toco para mim mesmo. Mas se você realmente quiser, posso aprendê-la. Você tem? Não, eu acho que não tenho mais camisinhas. Também não quero mais, páre com isso, é melhor. Você está cheirada, por isso quer tanto. Não, não é isso. Eu gosto sim de você, mas agora tá foda, eu tô no automático, marcha lenta, não dá. Já disse, se quiser ir embora, o dinheiro do táxi está ali. Esqueça o que eu disse sobre o pó na gaveta. Você não deve mais... Fotos? Tenho. Quer ver em álbuns ou no computador? Naturalmente, as fotos dos álbuns são da minha infância. Desde que as pessoas começaram a ter câmeras digitais, só tenho tido fotos em pastas no computador, nunca mais álbuns. De vez em quando me imprimem algo para presente, ou colam em seus murais; é, às vezes eu também cruzo com uma minha na casa de alguém. Mas não as tenho. Ah, aqui nesta caixa tem um álbum recente. É de um amigo que imprimiu todas as fotos de um ano inteiro em festas, jantares, almoços, passeios, todas em que eu estava. Olha só, algumas são bonitas né. Bom, fique à vontade, vou preparar algo para comer. Você gosta de rúcula e tomate seco? Não, não vou fazer algo só com rúcula e tomate seco, mas preciso saber se você gosta. Ok.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

O Carnaval que não começou.

Andava pros lados sem saber o que dizer. A garganta seca com o pó do ventre de uma doce esposa. Não tinha dinheiro para uma cerveja, ânimo para um cigarro, desejo de se mover. A banda passou ao seu lado fazendo graça do carnaval que nunca acaba. O palhaço disse que estava triste demais para dizer por que sorria. As marchas o atropelaram.

Carnaval é aluguel de tristeza. Vendeu os papéis picados do bolso para poder seguir com a bandinha que tocava as marchas. Viu a menina do rosto azul e pediu por quê. Ela também disse estar triste demais para responder. Um filme azul, um dia roxo, era tudo o que queria ver.

Seguiu com a bandinha sem rumo nem coragem para desistir. Foi levado pelo som das cornetas, do clarinete, pelas batidas ligeiras da caixa e do tamborim. Não podia dizer não. E por detrás do sorriso pintado e do rosto coberto de pó de arroz, uma face doída expressava angústia mal dormida. Duas mulheres com duas agonias o acompanhavam até o final da avenida. Sambavam, brincavam, se entrecortavam nos rápidos instantes de alegria passageira.

O bonde passou e espirrou água da chuva do dia anterior em sua camisa. Estava bêbado, sujo, tinha dormido na rua ao som da banda passar e tinha que ir pra casa. Preferiu não ir. Conseguiu um cigarro de alguém e ficou na calçada, encolhido, tímido, temeroso, pensando em tudo o que tinha feito e desfeito, se havia algo a se arrepender. Olhar o rosto desconsolado da mulher o mataria. Chegaria em casa e ela estaria só, desamparada, desesperançada. Fazia tanto mal à ela que não mais sabia o que era amar.

O dia mudou o seu tempo. Passou a ver as coisas sempre mas claras. A insensatez foi cancelada. Nunca mais o palhaço chorou de tristeza. A mulher murchou ao som da marchinha da finitude que dizia que naquele ano não haveria carnaval.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

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- Sabe o que acontece quando eu escorrego meu dedo por seu corpo?
- Não, o quê?
- Seus nervos se contorcem. Seus pêlos retraem. Seus cílios bailam. Seus hormônios se multiplicam. Sua clave goteja.
- Como sabe?
- Sinto pelo toque. Sei.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Dizer é quase sempre dispensável demais.

Atravessei o temporal sem um pio. Suando cacos de vidro. Indolor, aspirei toda a resina do ar da cidade; um caos. Eu era o caos dentro do dia. Nessa cidade tem de tudo. Se você não gostar das montanhas, há o mar, a praia; se não gostar do mar, há o campo; se não gostar do campo, há a cidade, as luzes; se não gostar de nada disso, suicide.

A rotina na contramão. O cheiro da moça recende à quilômetros de distância. Preciso recolher as roupas do varal que esturricam. O Kibe é demais de incompetente. Vontade de enforcar. O quê? O cão, é claro. Eu tenho quinhão, peito, astúcia e dor de ventre pra bater no peito e me enfiar entre aqueles babacas. Eu disse e fiz, vou mostrar meus resultados a eles. Nenhum prognóstico venceu. Sei. Vendo louças.

Preciso recolher as roupas, desfazer as malas, lavar as cuecas. Tragar mais daquele cigarro imaginário que tanto me conforta. Até o céu concorda.

Beijos são sopros, dicas, conselhos sobre como triturar suas costelas. Acho que perdi um pouco do fio da meada, algo muito inferior a o quê é realmente preciso para arrebentar as amarras, destrinchar os fios, desamarrar os grampos. Quero mesmo é a imensidão do vazio.

As marchinhas ritmam meu peito, que dói ao vê-la tristonha. Ela pula, sapeca, sapateia como mulher brava. E ela realmente o é. Mas eu não quero vê-la assim, por isso faço graça. Troço do que talvez lhe seja a dor. Dói em mim também. Mas não quero ver, ser, sentir. Venço e subestimo moléstias alheias, suprimo as minhas. Reclamo dos toques que não me chegam. Dos dizeres que não me agradam. Eu podia tocá-la toda e parar com esta merda de blablablá e nãnãnã. Fazer somente o essencial. Não dizer porque dizer quase sempre é dispensável demais.

O tempo passou.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Eulalinha.

“Incendeia! Incendeia!”, gritava Eulália à porta de sua casa, e foi assim que fiquei conhecendo a Jabuticaba, Eulalinha olhos de lantejoula preta, fantástica, que, apesar de me despertar às dez da manhã, conseguia me manter na linha tênue que segura o bom-humor durante o resto do dia.

Escrevi a ela poemas que diziam:

“Verterei lágrimas com chapas de dor para serem partículas menores,
Grãos de sofrimento condensados em pequenos momentos passageiros.
Viverei de ti, consumirei o ardor de te ver, de te sentir e de te tocar, Eulalinha!
Vem para perto.
Vive o intenso gozo da luz do dia!
Parte aquela acha que te incendeia de desgosto
E eu te ajudarei, Eulalinha”.

Um dia saímos à tarde para passear pelas ruas arborizadas. O miserável que lhe dividia a cama estava no trabalho. Concordamos no silêncio. Discordamos do vazio e definimos diferenças. Sôfrego e trôpego, eu bolava estratagemas para liquidá-lo. E assim escrevia poemas:

“Eulalinha, vamos doer! Vamos construir um mundo verdadeiro,
Desconsideremos as adversidades, não tem vicissitude, esquece-as!,
O mundo é das flores, dos sentidos, não há pensamento em fluir,
O fim é relativo, pode ser apenas uma passagem,
O fim de um representa a liberdade do outro,
Mas, na verdade, ambos se libertarão,
Somos mazelas, tristezas, tragédias,
Superemos! Superemos tudo, eulalinha!”

Eulália às vezes não reagia.

O mundo é muitas vezes tão só cruel que nos desvincula de seus atributos. Os dias voam, enquanto que alguns segundos perduram. O antagonismo na relatividade do tempo machuca nervuras calejadas. Há de tentar manter-se imune, liso, livre e cauterizado das más conseqüências, também das más causas. Verdades perseguem atos. Cumpri-los é mera questão de tempo. Toda nudez será castigada! Toda nudez será castigada! Seja de alma, de inteligência, de decência, de amoralidade, de persistência.

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Eu estava na fila para o banheiro do boteco que freqüento todas às sextas. Uma garota não parava de me olhar, desde quando eu estava na mesa ao lado da dela. Um amigo veio me abordar, vèado, disse que a amiga não estava afim! “Por que me olha tanto então?”, “Ah, ela é assim mesmo, indiscreta!”. Mais tarde, depois de já ter me apresentado a todos de sua mesa, e de ter tido com ela alguma conversa, voltei a procurá-la. “Onde está Luciana?”; “E você vem perguntar justo pra mim? Otário!, não sei onde está a Luciana e se soubesse não falaria!”; “Cruzes, me desculpe, qual é o seu problema?”; “Eu não tenho problema nenhum, você é que tem!”; “Escuta aqui docinho, não vou ficar ouvindo desaforos de você, está bem?! Eu sei que vocês são amigas porque estavam juntas conversando, quero que vá lá e diga a sua amiga que quero passear com ela esta noite, ok, mande-a vir falar comigo, vou estar ali no balcão tomando uma cerveja. Entendeu?”; “Vá se foder, quem você pensa que é?”; “Oras, eu sou jesus cristo, quem mais eu poderia ser?”

Após alguns minutos, desisti e resolvi pegar o carro para ir a outro lugar, quem sabe encontrava algum conhecido para um papo furado e mais algumas cervejas, ainda era muito cedo para ir pra casa. No caminho, resolvi passar num posto para pegar uma, e vi Luciana se pegando com a amiga enfezada. Maldição, pensei, a vadia ainda é lésbica; de certo ficava me secando por causa de algum amigo vèado que estava com ela.

Depois disso, transtornado, fui para casa ler Sexus, Plexus e Nexus.