domingo, dezembro 24, 2006

O belo e o feio.

Pena dos miseráveis da feiúra. O feio é e sempre será feio, desajeitado, rejeitado, cuspido, atirado. O feio é a quebra na seqüência do belo, do harmonioso. O fútil é o belo, o politizado é o feio. Quero que a política se dane. Um brinde à harmonia dos belos. Caminham; não! Escoam os feios, os podres, os desleixados. Os belos amaciam. Redundam fracasso, escassez, miséria, os feios. Asseguram o amor, a fluência, a cadência, o ritmo perfeito das eventualidades, os belos. Gosto mesmo é do gosto dos outros, belos. A bestialidade do horrendo me conduz às latrinas do inferno. Sorvo o enxofre e devolvo pétalas em brasas que respingam indecência. A magnitude do sublime me remete violentamente à agonia do prazer; àquela sensação incabível de ventura, ardor pelo torpor do amor, flatulência excessiva de idéias prazerosas.

A alvorada no cerrado encanta. Ao lado, tudo fede. O grotesco me cutuca na madrugada fria. O sol me enleva, fazendo o doce contraponto. Eu sei mesmo curtir as coisas, me decodificar, refazer-me mil e setecentas vezes e quantas mais forem necessárias para entender o derredor, para me caber, para me encaixar em qual quer que seja a circunstância. A aurora fabulosa que penetra a fresta ventosa da janela me submete ao descaso da própria pequenez. Ao lado vejo porcos, para fora vejo deuses.

Caixinhas de Anador, creme dental e cigarro Hollywood. Tudo amontoado perto do café doce. Café de açúcar temperado com café. Chá de melado com pó negro. Pão-de-queijo fresquinho que, após ser ingerido, faz-me pensar que deveria ter engolido era a pastilha de Anador para acabar com aquela latência maldita. Secreção na madrugada. Eu secreto. Excreto-me todo.

Alvorada: belo ou feio?
Cerrado: belo ou feio?
Alvorada no Cerrado: belo ou feio?
Homens no Cerrado: belo ou feio?