O velho sujo da rua emporcalhada.
Precisa aprender a se virar sozinho, compreender os sinais obtusos e sem iluminação que vêm de sinais fechados. Encruzilhadas escuras sem opção. É tudo uma questão de tempo. Os aviadores tendem a se sentirem cansados, mas é porque lhes falta oxigênio, não em um todo, mas algum, até porque em outro caso desfaleceriam.
Caminha pelas ruas como pedinte sem buraco para se esconder na noite que se aproxima. Vê parques e passarelas e não compreende seus significados. Talvez para ele a vida já tenha morrido, talvez tenha sido apenas uma super dosagem de endorfina equivocadamente aplicada, para sanar uma dor que não existia, e que se tornara efeito de demência. Disse-lhe, certa vez, que devia parar com este tipo de uso. Substâncias são ilícitas ou não por alguma razão; não importa a razão, apenas são. E devemos obedecer?! Claro.
Mesmo pedinte sem buraco para se esconder na noite que se aproxima(va), é apenas um menino, um garoto pagão; sem querelas nem mentiras para medir, sem passado para em sua mente comprimir. Sim, pois, se é que me entendem, quero dizer, o passado se comprime em algum vácuo dentro de si. Mas não é falho, não é infalível, muitas vezes o passado é desperdiçado, serve para nada, se é que entendem novamente. Prefiro conversar com vocês muitas vezes assim, fica mais fácil ilustrar.
Ele é apenas um pedinte, um gari de sutilezas absurdas que não têm passado; um gari que varre folhas que não fariam diferença serem varridas; um gari que varre o que não existe.
Se não existe é porque nunca existiu. Se sempre existiu, tem passado. O passado serve para acumular. Acumular o que? Não sei. Quem sabe?
Muitas vezes o passado é desvanecido por água, por isso insisto: bebam água, quando o passado foge da memória, quando o passado é demais, quando o passado simplesmente é oco; não importa a situação, tudo é questão de beber água; quanto mais pura melhor.
Um gari pedinte que varre folhas que não existem e procura (va) um lugar, agora aconchegante, para passar a noite fria que se aproxima (va). Vem que vem nervosa, anunciada por ventos frios calamitosos; seria uma catástrofe? Não, não seria. Apenas no caso dele se não encontrar seu lugar.
Está frio, ele me disse; é tudo questão de água, respondi-lhe. Ensaiamos um diálogo, que não surtiu efeito, que não faria diferença alguma na vida de pessoas vazias, como eu e ele (Nossa passagem), mas aconteceu. E não importa o efeito, importa que passou, virou passado, poeira, fumaça suja sem parte dentro, e a conversa sem resultado se comprimiu em uma lacuna de tempo, um lapso de memória, uma falha na trilha seguida pelo vento. Ofereci-lhe um casaco velho que tinha em casa, uma garrafa de água comprada na bolangerie ao lado. Enjoado, exigiu água gaseificada. O preço era o mesmo, anuí e dei-lhe. Neste momento compreendi de quem se tratava: alguém que entendia perfeitamente o sentido de se beber água, e o momento certo para fazê-lo. Corri em casa, perguntei a meu bem se tinha algum casaco velho, um acolchoado, manta, montoado de panos que fosse, pois lhe tinha prometido e esperava-me como cordeiro na entrada do prédio; e na verdade eu não tinha casaco, mas meu bem teve, deu-me um montoado de panos e lhe entreguei.
Talvez não consiga o lugar para passar a noite, mas pelo menos agora o frio será menor, e além de tudo, tem água gaseificada – disse-lhe. Sim, obrigado, de certa forma – respondeu-me. Virou-me as costas, resmungou algumas palavras, voltou-se novamente enquanto eu apenas o observava e me pediu um cigarro. Não tinha, mas no bolso do montoado de panos que acabara de receber havia um velho amassado, porém fumável. Meu bem fumava, e o montoado de panos vinha dela. Enfadei-me do velho e disse-lhe que de nenhum modo acender-lhe-ia o cigarro, que se virasse para encontrar o fogo. Saiu sorrindo. Deve ter cuspido alguns xingamentos gratos. Que não entendi, claro.
Caminha pelas ruas como pedinte sem buraco para se esconder na noite que se aproxima. Vê parques e passarelas e não compreende seus significados. Talvez para ele a vida já tenha morrido, talvez tenha sido apenas uma super dosagem de endorfina equivocadamente aplicada, para sanar uma dor que não existia, e que se tornara efeito de demência. Disse-lhe, certa vez, que devia parar com este tipo de uso. Substâncias são ilícitas ou não por alguma razão; não importa a razão, apenas são. E devemos obedecer?! Claro.
Mesmo pedinte sem buraco para se esconder na noite que se aproxima(va), é apenas um menino, um garoto pagão; sem querelas nem mentiras para medir, sem passado para em sua mente comprimir. Sim, pois, se é que me entendem, quero dizer, o passado se comprime em algum vácuo dentro de si. Mas não é falho, não é infalível, muitas vezes o passado é desperdiçado, serve para nada, se é que entendem novamente. Prefiro conversar com vocês muitas vezes assim, fica mais fácil ilustrar.
Ele é apenas um pedinte, um gari de sutilezas absurdas que não têm passado; um gari que varre folhas que não fariam diferença serem varridas; um gari que varre o que não existe.
Se não existe é porque nunca existiu. Se sempre existiu, tem passado. O passado serve para acumular. Acumular o que? Não sei. Quem sabe?
Muitas vezes o passado é desvanecido por água, por isso insisto: bebam água, quando o passado foge da memória, quando o passado é demais, quando o passado simplesmente é oco; não importa a situação, tudo é questão de beber água; quanto mais pura melhor.
Um gari pedinte que varre folhas que não existem e procura (va) um lugar, agora aconchegante, para passar a noite fria que se aproxima (va). Vem que vem nervosa, anunciada por ventos frios calamitosos; seria uma catástrofe? Não, não seria. Apenas no caso dele se não encontrar seu lugar.
Está frio, ele me disse; é tudo questão de água, respondi-lhe. Ensaiamos um diálogo, que não surtiu efeito, que não faria diferença alguma na vida de pessoas vazias, como eu e ele (Nossa passagem), mas aconteceu. E não importa o efeito, importa que passou, virou passado, poeira, fumaça suja sem parte dentro, e a conversa sem resultado se comprimiu em uma lacuna de tempo, um lapso de memória, uma falha na trilha seguida pelo vento. Ofereci-lhe um casaco velho que tinha em casa, uma garrafa de água comprada na bolangerie ao lado. Enjoado, exigiu água gaseificada. O preço era o mesmo, anuí e dei-lhe. Neste momento compreendi de quem se tratava: alguém que entendia perfeitamente o sentido de se beber água, e o momento certo para fazê-lo. Corri em casa, perguntei a meu bem se tinha algum casaco velho, um acolchoado, manta, montoado de panos que fosse, pois lhe tinha prometido e esperava-me como cordeiro na entrada do prédio; e na verdade eu não tinha casaco, mas meu bem teve, deu-me um montoado de panos e lhe entreguei.
Talvez não consiga o lugar para passar a noite, mas pelo menos agora o frio será menor, e além de tudo, tem água gaseificada – disse-lhe. Sim, obrigado, de certa forma – respondeu-me. Virou-me as costas, resmungou algumas palavras, voltou-se novamente enquanto eu apenas o observava e me pediu um cigarro. Não tinha, mas no bolso do montoado de panos que acabara de receber havia um velho amassado, porém fumável. Meu bem fumava, e o montoado de panos vinha dela. Enfadei-me do velho e disse-lhe que de nenhum modo acender-lhe-ia o cigarro, que se virasse para encontrar o fogo. Saiu sorrindo. Deve ter cuspido alguns xingamentos gratos. Que não entendi, claro.