Só mais uma love (shit) song.
As pálpebras estão agachadas. Percorro o mundo com os dedos mais uma vez. Quero sapiência, congruência, inocência e inconseqüência. O que levar embora não mais importa, o que pôr na mala, o que carregar sem avisar, o que ser e não sentir. Valem mais as fotografias que desaparecem. Eu desapareço em fotografias. Os fragmentos vão se tornando nulos, fracos, indefinidos até que se somem. Eu sou o fragmento da perturbação. Eu quero é ouvir.
Pegou de ponta cabeça o gato que se espatifava do décimo nono andar.
- Se não for cuidá direito eu não dô, porra!
- Ai, mais eu cuido direitin sim.
- Vai dexá amarrado o bicho? Vai?
- Eu ia, mas se ocê num gosta, eu dexo ele solto.
- Não! Não quero mais também, vou levar ele embora, vou dar ele pra outra pessoa. Vai se foder!
- Ai, credo, Liliana, como seu namorado é brabo. Brutalidade num leva a nada, meu fí.
- Vambora, ô porra, essa filha da puta tá me deixando puto.
- Calma, more, pega leve ca Camilinha, ela é amiga minha das antiga, poxa, e você esculhamba ela assim.
- Eu não dou cachorro meu, da Nana, pra gente que num vai cuidá direito, caralho! Bosta! Mas que bosta essa mulher, escrota, filha da puta. Vamo logo.
O vento que bate na cara divide o cabelo em meio, sem meio, e fim. Cabelo partido ao meio. Ele é um Serafim, missionário do caos, exaltado. Come cru e gosta de bife puro. Fígado puro. Bisteca gorda, mal-passada acebolada. E não dá os cachorrinhos para mãos negligentes. Porcão assado ao forno. Pernilzão nervoso. Carne trash de panela. Ele só gosta é de bizarrice.
A caranga vinho se cansa dos trajetos infundados. Das esquecidas. As garrafas de vinho amanhecem espatifadas no banco traseiro e a Nadir vem me acordar cedo num sábado de dor de cabeça. Eu tenho que trabalhar, ela me diz. É um pesadelo. Meus pêsames a mim mesmo, desejo. Parto com a trouxa. Nem mesmo sei o que se sucedera na noite passada. Uns dizem que é lorota. Outros aproveitam a deixa e me comem. Alguns se dizem enfermeiros. A verdade é que todo mundo estava louco e ninguém sabe de nada do que foi dito, feito, visto, ou ocorrido. O mundo deu só mais uma volta natural, e nós ficamos enjoados, vendo tudo torto, com isso.
- Ondcê vai?
- Nu brejo!
- Fazê?
- Cagá!
- Aiai.
- Eiei.
Passo o avental pelo pescoço e novamente tenho de me preocupar com o almoço, as roupas na máquina, quem as passará? Visto que não mais vivo sem tê-las engomadas. As engomáveis, claro. Quero tudo de uma só vez. A exaustão, a combustão, a sucessão repentina dos fatos, intermináveis e explosivos, simultâneos e momentâneos. Eu juro que sou o único ser capaz de entender a aproveitar esse momento. Mas não acreditam em mim.
Pegou de ponta cabeça o gato que se espatifava do décimo nono andar.
- Se não for cuidá direito eu não dô, porra!
- Ai, mais eu cuido direitin sim.
- Vai dexá amarrado o bicho? Vai?
- Eu ia, mas se ocê num gosta, eu dexo ele solto.
- Não! Não quero mais também, vou levar ele embora, vou dar ele pra outra pessoa. Vai se foder!
- Ai, credo, Liliana, como seu namorado é brabo. Brutalidade num leva a nada, meu fí.
- Vambora, ô porra, essa filha da puta tá me deixando puto.
- Calma, more, pega leve ca Camilinha, ela é amiga minha das antiga, poxa, e você esculhamba ela assim.
- Eu não dou cachorro meu, da Nana, pra gente que num vai cuidá direito, caralho! Bosta! Mas que bosta essa mulher, escrota, filha da puta. Vamo logo.
O vento que bate na cara divide o cabelo em meio, sem meio, e fim. Cabelo partido ao meio. Ele é um Serafim, missionário do caos, exaltado. Come cru e gosta de bife puro. Fígado puro. Bisteca gorda, mal-passada acebolada. E não dá os cachorrinhos para mãos negligentes. Porcão assado ao forno. Pernilzão nervoso. Carne trash de panela. Ele só gosta é de bizarrice.
A caranga vinho se cansa dos trajetos infundados. Das esquecidas. As garrafas de vinho amanhecem espatifadas no banco traseiro e a Nadir vem me acordar cedo num sábado de dor de cabeça. Eu tenho que trabalhar, ela me diz. É um pesadelo. Meus pêsames a mim mesmo, desejo. Parto com a trouxa. Nem mesmo sei o que se sucedera na noite passada. Uns dizem que é lorota. Outros aproveitam a deixa e me comem. Alguns se dizem enfermeiros. A verdade é que todo mundo estava louco e ninguém sabe de nada do que foi dito, feito, visto, ou ocorrido. O mundo deu só mais uma volta natural, e nós ficamos enjoados, vendo tudo torto, com isso.
- Ondcê vai?
- Nu brejo!
- Fazê?
- Cagá!
- Aiai.
- Eiei.
Passo o avental pelo pescoço e novamente tenho de me preocupar com o almoço, as roupas na máquina, quem as passará? Visto que não mais vivo sem tê-las engomadas. As engomáveis, claro. Quero tudo de uma só vez. A exaustão, a combustão, a sucessão repentina dos fatos, intermináveis e explosivos, simultâneos e momentâneos. Eu juro que sou o único ser capaz de entender a aproveitar esse momento. Mas não acreditam em mim.
Rabiscar no diário não é preciso. Não muda. Escrevo ao meu amigo Dário, o otário. O bom é que, mesmo não concordando com nada do que eu digo, ele me respeita com nem os que entendem fazem. Pholve! Pholve!
Frô!
Frô!
4 Comments:
Irmão. Esta crônica merece aplausos muito bem lavados pelos deuses da tutela das intempestividades!
Nasceu poeta e bohêmio entoado nos cocorutos mais tresloucados da face vil dessa Terra de meus 'Ais'.
Um drique, Boceta!
Um brinde! Um brinde ao meu irmão que vai pirar no outro além-mundo.
Um brinde!
Muito, muito bom!
Postar um comentário
<< Home