segunda-feira, agosto 28, 2006

Simples caquético enfadado.

- Do que você mais gosta na carne?
- Nada exatamente.
- E em minha carne?
- Gosto da sombra do delineador.
- Mas eu quis saber do que gosta em minha carne. Algo natural.
- Prefiro conceber a sua carne com delineador como algo natural.
- Mas isso não vale, você sabe.
- Vamos nos deitar?
- Sim. O que faremos deitados?
- Qualquer coisa, como o que fazemos agora.
- Mas não fazemos nada.
- Façamos nada na cama.
- Passarei meu dedo indicador sobre seu lábio inferior até feri-lo.
- Por que quer me ferir?
- Para criar algum evento.
- Cansa-se da pasmaceira?
- Absolutamente.
- Deseja me ferir para que eu reclame e a gente brigue?
- Não tinha pensado exatamente assim, mas quase.
- Você tem razão, precisamos inventar coisas para fazer, os dias sozinhos já não se preenchem. Quando é que a travessia terminará? Passo a me entediar dela.
- Eu também.
- E se tivéssemos um filho.
- Não mudaria, seria mais um para se entediar.
- Mas o tédio é muito relativo. Parece pertencer a mentes doentias. Somos doentios, sabe disso...
- Sei, admito, mas, ainda assim o tédio consome, me, nos consome.
- Que tal se a gente se envolvesse com instituições do terceiro setor?
- Essa é a maior bosta de todas. Prefiro dedicar o meu tédio a coisas mais improdutivas, prefiro praticar o tédio autonomamente.
- Assim só há como sucumbir.
- Não diga que eu a atraio. Você é enfastiada porque quer.
- Não, não sou. Fui contagiada. De qualquer modo, não era disso que eu estava falando.
- Vá embora então. Deixe-me saborear meu tédio até cair no sono.
- Não se renda.
- Não se renda é o caralho!
- A sua violência não me afeta.
- É porque ainda não tive forças para exaltar a voz ou correr atrás de você.
- Você é patético com esse seu modo de ser virulento. Xinga como se declamasse poemas marginais. Não sei se rio ou ignoro.
- Se não sabe o que fazer, chupe-me.
- Eu vou embora.
- Vai tarde.
- Que os vermes o consumam.
- Amém, e quando eles terminarem, eu estarei liberto, feliz, pleno. Dissolverei as fibras de minha carne ao vento e serei o nada. Já não tenho mais meios para encher isso. Fiz tudo o que queria ter feito.
- Será?
- Vai embora.
- Vou.
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He carried on licking wishes and flattering young lady’s diaries. She was still on the fifteenth of November writing anything she didn’t remember. It was quite on him, most certainly. His ways of caressing her, finding her in the middle of nowhere as eventually as catching the sight of a bee pollinating the stigma of a flower, were rather simple and tender. She was touched, but not convinced that she could fully believe. He was keen on bringing her flowers to show her that she was blossoming. Polite boy got to shag the young lady taking her virginity. Ashamed, she didn’t mean to convey to anyone, however, her sister was the first to know at a party given in her own garden. Her parents had invited the entire neighbourhood for a celebration of wealth. She was a dog, the sister, and barked it off to anyone who wanted to hear.

“Would you dance with me?”
“Don’t get me embarrassed”
“I’m so sorry, I didn’t mean to”
“But you did!”
She ran off to the lake intending to weep every grief and sorrow she’d got to let go. The pathway was rather unused and she tumbled by striking something unknown. He came just after to aid her. Her clothes were shaken and they embraced each other helplessly.

By the lake he flung a couple of pebbles, she said nothing; all they wanted was to listen to their song. They went back to the party and danced alone. Everyone saw what they would still condemn. Thereafter, they could no longer split. They had become like dogs that once stuck to each other, they can’t split any soon.