De H. Miller à Compassividade.
“Chegou a me dar dinheiro algumas vezes para que eu dormisse com ela, até perceber que eu era um libertino sem esperança”. H.M.
Sentar em uma cadeira e assistir a alguém declamar blasfêmias incomoda terrivelmente. Quero desistir, mas tenho que me resignar. Penso que tudo deveria ser mudado. Coisas naturais e consecutivas deveriam ser exigidas. Os estudantes têm que aprender tantas coisas desinteressantes que acabam desestimulados. Entendo agora por que tantos se matam pelo caminho. Por que não exigir dos candidatos através áreas do conhecimento, em vez de exigir tudo? Quando o correto seria encaixar todo mundo... É tão chato e frustrante.
Meu último suspiro será uma instrução para melhorarem as coisas.
Não há nada tão produtivo quanto aulas incompreensíveis de exatas no cursinho junto a uma mente frutífera afogada em cafeína.
A compaixão é uma desgraça; uma catástrofe na alma coletiva da humanidade. Os mesmos idiotas compassivos são os que criam as condições propícias à proliferação da miséria alheia. A compassividade é um efeito da causa demanda. Se não houvesse miseráveis demandando compassividade, ela deixaria de existir. A compaixão deve ser abolida, racionalizada, pois em um mundo (utopicamente) racional não haveria miséria (não falo da pobreza financeira, mas sim da pobreza de modos, espírito e atitude) e conseqüentemente não haveria a compaixão, que é o elemento acentuante, ou agravante da miséria. Compaixão gera miséria e miseráveis. Os miseráveis entopem o mundo de equívocos, escrotisse e feiúra. São desalmados, estúpidos, gananciosos, interesseiros, anacrônicos, acomodados, pobres de decência e de delicadeza. Malditos miseráveis regentes do mundo.
Os germens implantados em mim por Henry Miller fritavam os meus tímpanos com gritos inflamáveis. Resolvi abrir uma de suas páginas para que se acalmassem, e vim de encontro à isto:
“Quando olho para dentro dessa buceta fodida de puta, sinto o mundo inteiro embaixo de mim, um mundo vacilante e desnorteante, um mundo gasto e polido como um crânio de leproso. Se houvesse um homem que ousasse dizer tudo quanto pensa deste mundo, não lhe restaria um palmo quadrado de terra onde ficar. Quando um homem aparece, o mundo cai sobre ele e quebra-lhe a espinha. Restam sempre em pé pilares apodrecidos demais; humanidade supurada demais para que o homem possa florescer. A superestrutura é uma mentira e o alicerce é um medo enorme e trêmulo. Se com intervalos seculares aparece um homem de olhar desesperado e faminto, um homem que vira o mundo de cabeça para baixo a fim de criar uma nova raça, o amor que ele traz ao mundo é transformado em fel e ele se torna um flagelo. Se de vez em quando encontramos páginas que explodem, páginas que ferem e queimam, que arrancam gemidos, lágrimas e pragas, sabemos que elas provêm de um homem com as costas na parede, um homem cuja única defesa restante são suas palavras, e suas palavras são sempre mais fortes que o peso mentiroso e esmagador do mundo, mais fortes que todos os ecúleos e rodas que os covardes inventam para esmagar o milagre da personalidade. Se algum homem ousasse traduzir tudo quanto há em seu coração, expressar realmente o que é sua experiência, o que é realmente sua verdade, penso que o mundo se despedaçaria, se reduziria a pedacinhos e nenhum deus, nenhum acidente, nenhuma vontade poderia jamais reunir novamente os pedaços, os átomos, os elementos indestrutíveis que entraram na formação do mundo... O mundo está esgotado: não resta um peido seco”.
E o Sr. Henry Miller continua na página 226 de uma das publicações em português de Trópico de Câncer o que ainda não conseguiu terminar de dizer.
Sentar em uma cadeira e assistir a alguém declamar blasfêmias incomoda terrivelmente. Quero desistir, mas tenho que me resignar. Penso que tudo deveria ser mudado. Coisas naturais e consecutivas deveriam ser exigidas. Os estudantes têm que aprender tantas coisas desinteressantes que acabam desestimulados. Entendo agora por que tantos se matam pelo caminho. Por que não exigir dos candidatos através áreas do conhecimento, em vez de exigir tudo? Quando o correto seria encaixar todo mundo... É tão chato e frustrante.
Meu último suspiro será uma instrução para melhorarem as coisas.
Não há nada tão produtivo quanto aulas incompreensíveis de exatas no cursinho junto a uma mente frutífera afogada em cafeína.
A compaixão é uma desgraça; uma catástrofe na alma coletiva da humanidade. Os mesmos idiotas compassivos são os que criam as condições propícias à proliferação da miséria alheia. A compassividade é um efeito da causa demanda. Se não houvesse miseráveis demandando compassividade, ela deixaria de existir. A compaixão deve ser abolida, racionalizada, pois em um mundo (utopicamente) racional não haveria miséria (não falo da pobreza financeira, mas sim da pobreza de modos, espírito e atitude) e conseqüentemente não haveria a compaixão, que é o elemento acentuante, ou agravante da miséria. Compaixão gera miséria e miseráveis. Os miseráveis entopem o mundo de equívocos, escrotisse e feiúra. São desalmados, estúpidos, gananciosos, interesseiros, anacrônicos, acomodados, pobres de decência e de delicadeza. Malditos miseráveis regentes do mundo.
Os germens implantados em mim por Henry Miller fritavam os meus tímpanos com gritos inflamáveis. Resolvi abrir uma de suas páginas para que se acalmassem, e vim de encontro à isto:
“Quando olho para dentro dessa buceta fodida de puta, sinto o mundo inteiro embaixo de mim, um mundo vacilante e desnorteante, um mundo gasto e polido como um crânio de leproso. Se houvesse um homem que ousasse dizer tudo quanto pensa deste mundo, não lhe restaria um palmo quadrado de terra onde ficar. Quando um homem aparece, o mundo cai sobre ele e quebra-lhe a espinha. Restam sempre em pé pilares apodrecidos demais; humanidade supurada demais para que o homem possa florescer. A superestrutura é uma mentira e o alicerce é um medo enorme e trêmulo. Se com intervalos seculares aparece um homem de olhar desesperado e faminto, um homem que vira o mundo de cabeça para baixo a fim de criar uma nova raça, o amor que ele traz ao mundo é transformado em fel e ele se torna um flagelo. Se de vez em quando encontramos páginas que explodem, páginas que ferem e queimam, que arrancam gemidos, lágrimas e pragas, sabemos que elas provêm de um homem com as costas na parede, um homem cuja única defesa restante são suas palavras, e suas palavras são sempre mais fortes que o peso mentiroso e esmagador do mundo, mais fortes que todos os ecúleos e rodas que os covardes inventam para esmagar o milagre da personalidade. Se algum homem ousasse traduzir tudo quanto há em seu coração, expressar realmente o que é sua experiência, o que é realmente sua verdade, penso que o mundo se despedaçaria, se reduziria a pedacinhos e nenhum deus, nenhum acidente, nenhuma vontade poderia jamais reunir novamente os pedaços, os átomos, os elementos indestrutíveis que entraram na formação do mundo... O mundo está esgotado: não resta um peido seco”.
E o Sr. Henry Miller continua na página 226 de uma das publicações em português de Trópico de Câncer o que ainda não conseguiu terminar de dizer.
2 Comments:
tem homenagem ati no aniversario do rasgamortalha
a mordida do sr. miller é sempre muito forte, rasga a alma e treme a carne. escancarando um mundo cheio de pus onde o viralata sarnento gargalha.
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