sexta-feira, agosto 18, 2006

O condicionador do tempo.

Os momentos são como fios de cabelo que se despedaçam ao banho. Amontoam-se no ralo que vai para o mundo. O condicionador fortalece e condiciona o cabelo, como faz com o tempo. Precisamos de condicionadores de tempo, para reforçar lacres vencidos e quase arrombados à força.

Preciso urgentemente de condicionadores. Anelos. Falsetas. Pernetas endinheirados que me paguem desjejuns magros. Quero apenas o essencial, ou aprender a apenas tê-lo. Cascos de vidro. Bocas de garrafa. Rolhas de latas e lentes de cristal. Eu amasso e embrulho tudo com papel feito das tripas da minha mendicância afetiva. Desafetos botaram ovos em mim que agora se debatem para sair. Fuga, lágrima e declínio. Cansei de pregar a decadência. O triunfo pede para ser alçado. Digo, tenha forças a ele, moça do rabo quente! Ela balança a cabeça afirmativamente.

Afirmações, dichavações, inclinações suspeitas em minha cama. Abro a boca e como esfomeado. Pulo esfomeado. Defeco esfomeado. Banho-me esfomeado. Ando desnorteado e esfomeado por vida e luz e sussurros redentores. Poucas palavras bastam. Viro a esquina e tenho preguiça de chegar. Porque não me contento, quero ir muito mais além, com ela, claro, ir ao mar que seja, mas além.

Espero a menina da parede que fica perto e me diz incongruências tão belas quanto escassas. Raras, poucas. Quero mais dela. Quero beber álcool com ela. Ex-menor de idade arrependida. Sou responsável por ela e por ensinamentos que não cabem na unidade chamada Nós. Ela sabe tudo o que precisa saber e ainda assim sou pago para ensiná-la. Quem tem o mar se entristece. Quem tem tudo é descontente. Quem não a tem sou eu, embora a queira plenamente. Nada de aderências nem ardências. Eu a quero na plenitude do querer, haver e poder. Ela me pode e eu a posso. É assim que vivemos e morremos todos os tempos. Ela precisa ver o centro para salvar a mim e salvar a ela mesma. Doce.

2 Comments:

Blogger Guilherme N. M. Muzulon said...

Que merda é essa! Porra! Vai ao seu Oswaldo ou então ao inferninho de sempre.

8:24 PM  
Anonymous Anônimo said...

Oi Thiago, adorei, a vida que se condiciona... Não tem outro jeito.
Um beijo

4:41 PM  

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